Mitocôndria


Visão Geral

Mitocôndrias são estruturas geralmente esféricas ou alongadas, entretanto, são capazes de mudar de forma, se dividir ou fundir com outras mitocôndrias. A principal função dessa organela é produzir trifosfato de adenosina (ATP), substância responsável por fornecer energia para a célula. Células com alta demanda energética, portanto, possuem numerosas mitocôndrias, assim como muitas dessas se concentram em regiões onde a utilização de energia é mais intensa. Ainda, as mitocôndrias podem se mover no citoplasma, com auxílio de microtúbulos, para atingir áreas de maior demanda energética.

Cada mitocôndria é envolvida por dupla membrana lipídica com fluidez reduzida e alta densidade de proteínas. As membranas mitocondriais delimitam dois compartimentos, sendo o espaço intermembranoso e a matriz mitocondrial.

A membrana mitocondrial externa (MME) tem constituição semelhante à membrana plasmática e está em contato com o citoplasma. Contém diversas proteínas, incluindo proteínas transmembranares chamadas porinas que formam canais pelos quais pequenas moléculas como íons, metabólitos e piruvato tem acesso ao espaço intermembranoso.

O espaço intermembranoso localiza-se entre as membranas mitocondriais interna e externa. Trata-se de um compartimento delgado, rico em enzimas como o citocromo C, a creatinoquinase e a adenilatoquinase.

A membrana mitocondrial interna (MMI) é mais delgada que a externa e tem muitas dobras longas chamadas cristas, que se projetam na matriz mitocondrial e aumentam a área da superfície da membrana. O número de cristas pode variar de acordo com as necessidades energéticas da célula. A bicamada lipídica que forma a MMI é rica em cardiolipina, fosfolipídio aniônico que impermeabiliza a membrana e impede o fluxo de íons. A MMI possui ainda proteínas responsáveis pelas reações de oxidação da cadeia respiratória de transporte de elétrons, síntese de ATP e regulação do transporte de metabólitos para dentro e para fora da matriz. As enzimas da cadeia respiratória estão ligadas à membrana interna e projetam suas cabeças dentro da matriz e são denominadas como partículas elementares.

A matriz, por sua vez, corresponde à região mais interna da mitocôndria, delimitada pela MMI. Contém DNA mitocondrial, ribossomos, tRNA e ATP-sintase, estruturas necessárias às reações químicas de produção de energia (Figura 1).

Origem

A teoria mais aceita que explica a origem das mitocôndrias foi proposta pela bióloga Lynn Margulis em 1981 e denomina-se Teoria Endossimbiótica. Supõem-se que tanto mitocôndrias quanto cloroplastos tenham evoluído a partir de um procarionte aeróbico que vivia dentro de células eucarióticas anaeróbicas primitivas. Enquanto o indivíduo aeróbico se beneficiava da proteção e dos nutrientes fornecidos pelo indivíduo anaeróbico, este último se aproveitava da energia fornecida pelo metabolismo aeróbico do primeiro. Com o tempo essa relação simbiótica tornou-se íntima a ponto dos organismos deixarem de operar separadamente.

Tal hipótese é fortemente apoiada por diversas características observadas nas mitocôndrias. Essas organelas possuem DNA próprio, cujo formato é circular e dotado de 37 genes codificadores de 13 proteínas, 2 rRNAs e 22 tRNAs. Apesar do sistema de produção mitocondrial de proteínas ser limitado, é capaz de sintetizar algumas de suas proteínas constituintes mais importantes. O restante das proteínas necessárias ao seu funcionamento é codificado pelo DNA nuclear e produzido por ribossomos livres no citoplasma. Após a síntese, estas moléculas são importadas através das membranas mitocondriais por complexos proteicos TOM (translocase da membrana mitocondrial externa), TIM (translocase da membrana mitocondrial interna) e chaperonas, vindo a operar em locais específicos dentro da organela.

Audiodescrição

Para reproduzir, pausar ou dimininuir o volume da audiodescrição, utilize os controles abaixo:

Transcrição da Audiodescrição

Para ocultar ou exibir a transcrição da audiodescrição, utilize o botão abaixo:

[AUDIODESCRIÇÃO: representação tridimensional colorida de uma mitocôndria.

Esta organela possui formato alongado, semelhante a um grão de feijão, com superfície lisa revestida pela membrana mitocondrial externa. Internamente, a mitocôndria possui uma membrana mitocondrial interna, de formato irregular, com várias projeções denominadas cristas mitocondriais. Nas cristas mitocondriais encontram-se inúmeros corpúsculos elementares, representados por esferas pequenas.

Entre as membranas externa e interna localiza-se o espaço intermembranoso. Na região central da mitocôndria e delimitada pela membrana mitocondrial interna, encontra-se a matriz mitocondrial.

FIM DA AUDIODESCRIÇÃO.]

Alteração de Cores do Modelo Tridimensional

Para ocultar ou exibir o menu de alteração de cores, utilize o botão abaixo. Para alterar as cores das estruturas representadas, selecione entre as opções disponíveis.

Exibir opções de cores

Figura 1: Representação tridimensional de um mitocôndria.


Referências (ABNT)

  • ALBERTS, Bruce; HEALD, Rebecca; JOHNSON, Alexander; MORGAN, David; RAFF, Martin; ROBERTS, Keith; WALTER, Peter. Molecular biology of the cell. Seventh edition ed. New York: W. W. Norton & Company, 2022.
  • CALLIER, Viviane. Mitochondria and the origin of eukaryotes. Knowable Magazine, [S. l.], 2022. DOI: 10.1146/knowable-060822-2. Disponível em: https://knowablemagazine.org/article/living-world/2022/mitochondria-origin-eukaryotes
  • CUI, Yanhua; QU, Xiaojun. Comparative analysis of two component signal transduction systems of the Lactobacillus acidophilus group. Brazilian Journal of Microbiology, [S. l.], v. 42, n. 1, p. 147–157, 2011. DOI: 10.1590/S1517-83822011000100019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-83822011000100019&lng=en&nrm=iso&tlng=en
  • FERRIER, D. Bioquímica ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 567 p.
  • GABALDÓN, Toni. Origin and Early Evolution of the Eukaryotic Cell. Annual Review of Microbiology, [S. l.], v. 75, n. 1, p. 631–647, 2021. DOI: 10.1146/annurev-micro-090817-062213. Disponível em: https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-micro-090817-062213
  • GARTNER, Leslie P. Textbook of Histology. 4. ed. Philadelphia: Elsevier, 2017.
  • JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, José. Biologia Celular e Molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
  • KIERSZENBAUM, Abraham L.; TRES, Laura L. Histology and Cell Biology: An Introduction to Pathology, Fourth Edition : an introduction to pathology. Philadelphia, Pennsylvania: Elsevier, 2016.
  • MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. Origins of sex: three billion years of genetic recombination. New Haven London: Yale Univ. Press, 1986.
  • MCCUTCHEON, John P. The Genomics and Cell Biology of Host-Beneficial Intracellular Infections. Annual Review of Cell and Developmental Biology, [S. l.], v. 37, n. 1, p. 115–142, 2021. DOI: 10.1146/annurev-cellbio-120219-024122. Disponível em: https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-cellbio-120219-024122
  • MESCHER, Anthony L. JUNQUEIRA’S BASIC HISTOLOGY : text and atlas. 16. ed. New York: Mcgraw-Hill Education, 2021.
  • NELSON, D. L.; COX, M. M. ; HOSKINS, A. A. Princípios de bioquímica de Lehninger. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.
  • PAOLI, Antonio; BOSCO, Gerardo; CAMPORESI, Enrico M.; MANGAR, Devanand. Ketosis, ketogenic diet and food intake control: a complex relationship. Frontiers in Psychology, [S. l.], v. 6, 2015. DOI: 10.3389/fpsyg.2015.00027. Disponível em: http://journal.frontiersin.org/Article/10.3389/fpsyg.2015.00027/
  • PAWLINA, Wojciech; ROSS, Michael H. Histology : a text and atlas : with correlated cell and molecular biology. 8. ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health, 2020.
  • REECE, Jane B.; URRY, Lisa A.; CAIN, Michael L.; WASSERMAN, Steven Alexander; MINORSKY, Peter V.; RAWLE, Fiona; DURNFORD, Dion G.; MOYES, Christopher D.; SCOTT, Kevin G. E. Campbell biology. Third Canadian edition ed. Don Mills, Ontario: Pearson, 2021.
  • WOODRUFF, Jeffrey B.; WUESEKE, Oliver; HYMAN, Anthony A. Pericentriolar material structure and dynamics. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, [S. l.], v. 369, n. 1650, p. 20130459, 2014. DOI: 10.1098/rstb.2013.0459. Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstb.2013.0459.
  • YOST, Haley; QUIJAS, Meranda; SMITH, Hayley; REED, Tanea. Chapter 7 - Decreased bioenergetics in traumatic brain injury. In: OSTOJIC, Sergej (org.). Clinical Bioenergetics From Pathophysiology to Clinical Translation. [s.l.] : Academic Press, 2020. p. 169–194. Disponível em: https://doi.org/10.1016/C2019-0-00122-7.
  • YOUNG, Barbara; WOODFORD, Phillip; O’DOWD, Geraldine; WHEATER, Paul R. Wheater’s functional histology : a text and colour atlas. 6. ed. Philadelphia: Churchill Livingstone, 2014.